sábado, 2 de maio de 2009

Saudade

Ela estava em frente ao mar, olhava as ondas, as pessoas passando.
Uns levavam o rosto de felicidade, outros de preocupação. Tentava na verdade adivinhar o que se passava com eles.

Tinha esta mania desde pequena: de querer ter o poder de saber o que se passava nas cabeças das pessoas.
Ficava fazendo adivinhações no ônibus: aquele velho está com cara que foi deixado, se sente triste e só. A menina com cara de safada, na verdade está pensando em como dizer ao pai que não é mais virgem, precisava muito dele ao seu lado.

E assim ia, tentando adivinhar pensamentos.

Neste momento ela fazia isso em frente ao mar. Buscava repouso do pensar e ficava brincando de advinhar.

Do outro lado, ele em frente ao computador, pensando e remoendo conhecimento novos e antigos, tentando juntar os pontos e chegar a uma nova descoberta.

Neste momento, a menina na praia e o menino no computador pensaram na mesma coisa.

Pensaram em como seria bom ter alguém do seu lado, abraçar, olhar, dar risada com este alguém.
Pensaram um no outro.
Neste instante quase sentiram o perfume um do outro; se fechassem os olhos poderiam quase sentir o sabor nos lábios.

E aconteceu uma dorzinha, como um beliscão, mas que traz bolhas no estômago, que ofega e ao mesmo tempo acalma.

Deu-se a saudade.

Um comentário:

Marcelo L. M. Trevisan disse...

Poxa, quando você escreve assim eu quase choro. TAM